sábado, 22 de maio de 2010

Historia Tiro com Arco e Tiro com Besta

Introdução

Nesta publicação, vamos abordar o “ Tiro com Arco “ e Tiro com Besta “, dando a conhecer a sua história, os procedimentos e técnicas básicas, os locais de prática, o enquadramento competitivo, os materiais e todos os custos destas duas modalidades federadas a nível nacional e internacional. Esperamos dar um tiro positivo, ao conhecer mais sobre estas modalidades assim como a demonstrar esse conhecimento.

História Tiro com arco

Os arcos e as flechas foram as primeiras armas inventadas pelo Homem como armas de caça e depois como armas de defesa. O seu aparecimento remonta ao princípio dos tempos e segundo várias referências de base científica, os arcos apareceram desde que há memória da existência de seres humanos. Contudo só é possível atribuir datas, para qualquer facto ou acontecimento, até à cerca de 25 000 anos atrás, tão antigo portanto como as mais remotas manifestações de civilização, a descoberta dessa arma formidável pelo homem primitivo assegurou a sua sobrevivência, permitindo caçar, defender-se ou atacar outros grupos hostis, nas guerras tribais de outrora.
Podemos afirmar sem medo de errar, que somente a descoberta do fogo se ombreou em importância com a do arco e da flecha, permitindo a ascensão da espécie humana na superfície do planeta.

Da Antiguidade até o século XVI, encontramos inúmeras referências escritas sobre o Tiro com Arco, porém a maioria delas encarando-se sob o ponto de vista da sua utilidade como arma de guerra, nada especializada sobre desporto, a não ser alguns escritos sobre os jogos olímpicos gregos, a festividades egípcias, assírias, babilónicas e depois os jogos romanos no Coliseu.
Nesse período que vai até o final da Idade Média, o poder de uma nação, tanto de conquista como de defesa dependia inteiramente do valor e destreza dos seus arqueiros de infantaria ou cavalaria, e os episódios históricos que conhecemos desde a nossa infância sobre História Mundial esclarecem-nos tal fato. Temos também as lendas gregas estáticas sobre os seus heróis arqueiros.
Na Europa, a Inglaterra é quem detêm a primazia do desenvolvimento do Tiro com Arco, o célebre "LONGBOW" (arco-longo) inglês e as flechas bem emplumadas para precisão do tiro escreveram páginas memoráveis nas batalhas e asseguraram a grandeza da Grã-bretanha.
Os antigos Reis ingleses formularam despachos obrigando a todos os jovens ingleses a terem arcos e um número obrigatório de flechas sempre à mão. Isto criava uma espécie de milícia nacional sempre armada de prontidão, contra as repetidas invasões dos vikings, normandos, entre outros e para que o interesse sobre o arqueirismo permanecesse aceso, eram promovidos vários torneios nacionais e regionais nos condados ingleses e os vencedores recebiam honras de heróis nacionais e favores de realeza, inclusive bons prémios em dinheiro, e a guerra das rosas marcou o ápice da fama do arqueirismo como principal arma de guerra. A descoberta da pólvora e a introdução das armas de fogo, tornaram então obsoleto para a guerra.

Apesar de substituído como arma de guerra, o arqueirismo entretanto continuou, principalmente na Inglaterra, como um desporto, tanto de interesse popular como da aristocracia. Não existiam competições, considerava-se um acto de elegância e de educação aprimorada saber atirar uma flecha de maneira correcta.
Os ingleses praticavam o arqueirismo, um jogo que intitulavam de ROVER (passeio) o qual se desenrolava da seguinte maneira: 1 grupo de arqueiros saía através de um bosque ou de um relvado e um deles indicava um obstáculo qualquer do local como o primeiro alvo (uma árvore, uma moita, etc.) e em seguida todos atiravam no mesmo. O que chegasse perto da marca escolhida era proclamado capitão do grupo e escolha o alvo seguinte. Este ROVER GAME incrementou o gosto pelo arqueirismo e fez notar a necessidade de competições organizadas, pois tudo aquilo que é desporto depende desse ponto fundamental.

Em fins do século XVIII fundou-se a REAL SOCIEDADE DE TOXOPHILLIA e em 1844 aconteceu o 1º campeonato Inglês de Arqueirismo. Modernamente o arqueirismo inglês é controlado pela GRAND NATIONAL ACRCHERY SOCIETY, na região de Essex. Na América o arqueirismo foi introduzido nos E.U.A. por um grupo de entusiastas em 1828, os quais criaram a ARQUEIROS UNIDOS DE FILADÉLFIA, que competiram regularmente durante 20 anos, até se desencadear a Guerra Civil. Em 1879 fundou-se a NATIONAL ARCHERY ASSOCIATION (N.A.A) e realizou-se o 1º campeonato americano neste mesmo ano, e desde essa época nunca pararam as competições durante os anos de guerra as competições eram realizadas por correspondência (MAIL-MATCH).

A partir de 1930 as competições nos Estados Unidos estenderam-se de costa a costa, e o aparecimento de novos arcos e materiais para as flechas, a preços e facilidade mais acessíveis aos desportistas, e nos dias de hoje acredita-se que existam mais arqueiros praticantes do que em todas hordas de Gengis Kahn, ou nos efectivos dos exércitos europeus. Surgiram publicações técnicas especializadas, tais como as revistas BOW AND ARROW e THE ARCHERY'S MAGAZINE.

Em 1940 a caça com arco e flecha foi legalizada em alguns estados americanos o que abriu um campo novo para milhares de novos praticantes que não se interessavam pelo tipo de competição ao alvo e então foi fundada a NATIONAL FIELD ARCHERY ASSOCIATION (N.A.F.A.) que realizou o seu primeiro campeonato em 1946. Por outro lado os arqueiros profissionais organizaram a PROFESSIONAL ARCHERS ASSOCIATION (P.A.A.) e os fabricantes de equipamentos fundaram a ARCHERY MANUFACTURES ORGANIZATION (A.M.O.) esta última é que financiam as despesas de viagens das equipas americanas ao exterior. Na Europa, berço do arqueirismo desportivo, o desporto evoluiu também de maneira grandiosa e em 1930 criou-se então o organismo internacional denominado FEDERATION INTERNATIONALE DE TIR L'ARC, conhecida pela sua sigla FITA. Antes disto o arqueirismo já tinha sido considerado desporto olímpico entre 1908 e 1920, e novamente em 1972 e 1976, depois de consideráveis esforços desenvolvidos pelos países interessados.

História Tiro com Besta


A besta ou balestra é uma arma com a aparência de uma espingarda, com um arco de flechas, acoplado na ponta da coronha, accionada por gatilho, que projecta setas, dardos similares a flechas. A besta foi bastante usada no século XVI e chegou a coexistir com os mosquetes e depois foi substituída pelos mesmos, que foram as primeiras armas de fogo. Hoje, continua a ser fabricada, pois é usada, em algumas partes do mundo, por caçadores. O lendário suíço Guilherme Tell, para se livrar da prisão, teve que atirar uma flecha numa maçã colocada sobre a cabeça do próprio filho. Tratava-se de uma ordália, ou prova divina de sua inocência (caso acertasse) ou culpa (se errasse), no conceito do direito medieval europeu. Acredita-se que a besta foi criada muito antes de Cristo pelos chineses, Leonardo da Vinci chegou a desenhar a besta, porém não a fabricou. As verdadeiras origens desta arma são controversas e de difícil conclusão já que muitos povos a utilizaram em pequena e grande escala. A besta tinha diversas variações e tamanhos para diferentes projécteis que podiam ser atirados sendo os mais comuns as próprias flechas e o Quadradelo de aço que continha uma ponta semelhante a uma pirâmide que facilitava a entrada na carne ou armadura inimiga.A besta chinesa tem uma variante bastante interessante, a que foi chamada besta de repetição, e que consistia em uma única arma capaz de lançar de cinco a dez projécteis de uma só vez, mas era uma arma para grandes exércitos pois necessitava de, no mínimo, dois homens para carregá-la e armá-la (um homem sentado no chão esticando a corda com os pés para o alto enquanto o segundo carregava e orientava para a execução do tiro). Era uma arma para grandes quantidades de tiros e muito útil contra exércitos, onde eram atiradas milhares de flechas no ar que caiam sobre o campo inimigo, que podia estar até 350 metros do tiro e, após a violência do ataque das bestas, podiam fazer os ataques por terra já com os exércitos inimigos praticamente derrotados pelo imenso poder da rajada desta arma. Já havia registos desta arma em Roma antes e depois de Cristo como arma de caça ou de guerra. Na Europa, também há vários registos, inclusive na Guerra dos Cem Anos onde os besteiros genoveses deram apoio à França contra a invasão da Inglaterra, porém foi mal sucedida pela fraca estratégia usada pelos franceses e pelo baixo número de guerreiros que utilizavam a arma. Nesta época, entre os século XIV e século XVI, as bestas tinham um alcance considerável, entre 230 e 250 metros de distância, e pesavam cerca de cinco a sete quilogramas enquanto o arco longo inglês tinha um alcance entre 180 e 200 metros, o que apresentava vantagem da besta, porém a mesma tinha um intervalo muito grande entre os disparos: o besteiro tinha de colocar um novo quadradelo na haste, enrolar, então, a corda com uma alavanca, que se encontrava na parte anterior da arma, até ao ponto certo para o novo tiro, o que, além de requerer muita força física, ainda demorava cerca de dois a cinco minutos, tempo de que não se tinha na guerra contra os arqueiros ingleses que eram apelidados de Arlequim, que significa demónio, e os mesmos conseguiam atirar facilmente cerca de cinco flechas no curto espaço de vinte segundos.

Além disto, o besteiro estava sempre acompanhado de um segundo homem que carregava um pavês que é um escudo comprido feito de carvalho e salgueiro que era usado para defender o besteiro dos ataques de flechas inimigas nos momentos em que ele estava a carregar a sua besta que era sempre feito atrás deste escudo. A besta tinha uma força suficiente para atravessar a maioria das armaduras da época como cotas de malha e algumas armaduras leves de placas a uma boa distancia, porém havia outras bestas chamadas leves que não tinham o mesmo alcance e potência, sendo usadas principalmente na caça.

Uma variação da besta de repetição chinesa foi criada na Europa por volta do século XIII, consistia numa besta maior com cerca de quinze a 25 quilos que continha um encaixe para até sete Quadradelos que eram atirados com um pequeno intervalo de dez a quarenta segundos o que a tornava bastante preciosa. Porém ficou obsoleta logo em seguida devido ao peso e ao grande tamanho que dificultava muito o transporte e uso da mesma que demorava também de cinco a dez minutos para recarregar, tinha muitos defeitos mecânicos, emperrava muito facilmente, tinha um alcance muito pequeno, menos de trinta metros, necessitava de dois ou mais ajudantes para transportar, apontar, recarregar, e pouca força contra as armaduras da época, foi desconsiderada logo após a criação como muitas armas, então ficou como uma arma mais de decoração para ficar pendurada em paredes ou pequenas competições de tiro ao alvo não sendo uma arma para batalhas ou guerras pelo seu mau desempenho e dificuldade de uso e transporte. A besta de repetição teve uma nova hipótese no século XVII com a melhoria considerável da mecânica e dos ferreiros, porém foi novamente descartada pelo auge das armas de fogo que estavam bastante avançadas comparadas com as primeiras experiências, sendo novamente apenas produto de decoração ou competições e caça.



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